Ane

Ane

Vejo nos relatos atuais muitos putanheiros e raríssimos libertinos. Libertinos sempre foram raros, hoje são uma espécie em extinção. A diferença entre as duas categorias é cristalina, um é amador e o outro vive.

Nunca fui filiado a panelas, grupos de fóruns, sempre preservei a fortaleza da minha individualidade. Não acredito em turmas que surgem em canais virtuais, muito menos nos canais que versam sobre sexo. O libertino é aquele que anda só, não se restringe somente a consultórios particulares de garotas de programa ou motéis, ele frequenta os bordéis, as boates, as ruas. Busca sexo, mas também busca emoções.

Saí frustrado da 119, depois de um encontro com uma criatura inanimada, e segui para a 21, 210, MV30, Afrodite, Vanessa Rios, Bombeirinho… Na 210, um estranho painel indicando que ali é onde a mágica acontece, esqueceram de contratar o mágico. Exausto e sem esperança decidi dar a última cartada na La Confraria.

O relógio girava pelas 21h e andar no Centro nesse horário, pelas ruas anexas à Avenida Rio Branco, nos faz sentir como um astronauta caminhando no deserto silencioso do solo lunar. Até a gravidade é mais baixa, ficamos com a impressão de que iremos sair flutuando para lugar nenhum a qualquer momento. A respiração assusta, sombras apavoram.

Quando alcancei a La Confraria, na inóspita penumbra da Rua da Quitanda, já passavam alguns minutos das 21h. O tio da porta, velho conhecido, me passa a comanda. Subo.

A La Confraria se revela uma surpresa próspera, é um bordel que está conseguindo resgatar a atmosfera dos antigos bordeis. É possível ver mulheres bonitas, receptivas. As escolhas que fiz lá foram extremamente positivas e aceitam sair por fora.

Ane é uma morena de cabelos cacheados, corpão que ativa as nossas glândulas salivares no primeiro vislumbre, uma bunda que poderia estar em capa de revista, coxas grossas, curvas vertiginosas. Aprovada na entrevista, pedi uma alcova.

Ane não beija, ela nos abduz. O beijo dessa menina é beijo de namorada apaixonada, daquelas que querem se entregar de corpo e alma. É apaixonante. Beijei muito, dediquei litros de saliva inesquecíveis àquela estonteante morena. Enroscamo-nos com a vontade de nos fundirmos em um só elemento.

A garota se deita, eu me lanço afoito sobre ela. Beijo, chupo, me esfrego em cada pedaço do território pecaminoso que ela me oferece. Digo a você, forista sem fé e putanheiro de claustro, poucas vezes em minha jornada encontrei uma mulher com tanto fogo, com tanta entrega. Abalou o carcomido coração deste velho escriba.

Ane inverte a posição, vira o corpo de lado, empina-se e abocanha o meu combalido pênis num boquete que se revelou quase uma carnificina. Com a bunda voltada para os meus olhos incrédulos, a menina me engolia com fome, com sede de seiva. Enquanto ela me chupava feroz, eu alisava as curvas sinuosas do seu rabo, um rabo que daria manchete de jornal.

A mulher não quis mais largar o meu pau, ficou ali como um cachorro que descobriu alguma iguaria saborosa e só o soltou quando aparou toda a minha seiva em sua boca. Ane é um monstro sagrado do sexo.

Óbvio, peguei o telefone dela e nos despedimos. Paguei a dolorosa e saí flanando pelas ruas tenebrosas do Centro noturno. Eu estava tão desorientado que mal sabia para onde caminhava. Um táxi milagroso surgiu na minha rota, fiz sinal e retornei ao conforto aconchegante e seguro da bucólica Tijuca.

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