IMPORIO PARIS
Rua Constança Barbosa, 188, Méier
Rio de Janeiro – RJ
(21) 99441-4248
Eu estava no Centro, assolado por um calor capaz de matar camelo num ato de homicídio culposo . Após o meu tradicional almoço de sexta-feira no incomparável Coliseu das Massas, lembrei-me da foto inserida num site especializado. Por que não? A menina faz meu tipo — Pensei.
Arrastei minhas células adiposas até a estação da Carioca, peguei o metrô, desci na imensidão árida da Central do Brasil e fui esperar o trem para o Méier. Poderia ter pegado um táxi, mas eu precisava de um pouco de ação para despertar a lombeira causada pelos quilos de massas ingeridas no Coliseu.
Inexperiente com os acessos da linha ferroviária, fiquei rodando como barata alucinada até me encontrar. Dentro do precário vagão, para abstrair da zoeira incômoda, sincronizei meus aparelhos auditivos com o celular e deixei que a trilha sonora deste episódio se fizesse.
“ A View to a Kill ”, nada mais conveniente enquanto eu sobrevoava os trilhos do subúrbio. Desço no Meier e, confesso, comecei a sentir um mal-estar devido ao clima abafado, mas o que não mata engorda. Decidi caminhar até Constança Barbosa, eu sabia o caminho.
Fui pisando pelas calçadas do Méier, me gravando de algumas namoradas que eu tive na região. Nos meus ouvidos, as batidas de “ It Feels So Good ” me embalavam adiante.
Alcanço o endereço de Angel com 5 minutos de atraso. Entre no prédio e o porteiro me recebe…
— Qual seu nome, por favor? — pergunta.
—Dante. Eu chamo Dante.
O funcionário pega o telefone, cochicha e diz que posso subir.
Reconheço a sala, é a mesma onde trabalhou a Pérola, menina nota 10 com quem repete algumas vezes. A porta se abriu e me deparo com uma morena com olhar pecaminoso, rosto sexy, corpo exuberante. Não diria que é esbelta, é pedaçuda, suculenta.
Por uma dessas coincidências esquisitas, na mesma hora em que Angel abriu a porta, a música no meu ouvido mudou para “ Maneater ”. Um bom agouro.
A casa estava sem água. Quem tomou banho, sorte. Quem não tomou, sairia mais lambuzado. Eu estava limpinho e cheiroso como de hábito. Angel me conduz à pequena cabine e pediu que a aguardasse.
A menina retorna numa sumária lingerie vermelha e me beija. Beija sem teatro, com língua, com saliva, com lábios engatados. Não perdi tempo, arranquei os poucos panos da moça, saquei o meu aparelho de eletrochoque e o introduzi sobre o seu clitóris. Anjo geme alto, sem pudor. Gozou em espaços maravilhosos de se contemplar.
Recuperada do impacto, empinou-se toda e engoliu meu pênis combalido com sede de seiva. Chupou sem cansaço, punhetava, lambia meu corpo, mordiscou meu peito. Se alternava em territórios erógenos da minha estrutura obesa com a habilidade de uma serpente. Voltava a me chupar me encarando, olhos nos olhos, numa vibe ” Bette Davis Eyes “…
Se Gonzaguinha me visse, diria: não dá mais pra segurar. Explodir coração .
Ejaculei o Big Bang, o começo do universo. Meus espermas espalharam-se pela atmosfera quente sabendo que morreriam sem conhecer um útero, mas guerreiros fiéis querem satisfazer o comandante, dar a vida por ele. Sim, meus espermas feneceram no choque com a parede, com o colchão, com o piso, com o rosto de Angel. Heróis. Silêncio. Luto.
Papo breve. A decepção foi que Angel não atendeu por fora, uma pena, eu a contratei para uma vista ao meu chalé nos Alpes Tijucanos. Voltei às ruas meio sem fôlego, parei já lanchonete de joelhos e devorei dois.
Sinalizei para um táxi. Pra bucólica Tijuca, por gentileza. O motorista acelerou. O Sol começava a se por, havia um cheiro de verão em pleno inverno. Nada como estar bem consigo mesmo, aliviado do tesão, sabendo que sou leal, corajoso e que vivo na claridade, seja sob a luz da manhã ou sob o brilho da Lua. Carrego a tocha que ilumina os trechos e me mostra o que nele quer se esconder.
Nos meus ouvidos tocava ” Disappear ” e naquele momento em que o céu fazia a transição para as estrelas, em que os pneus me deslizavam levando de volta para casa, em que tudo parecia simples, me senti feliz…