Dante Versus Sade

DANTE VERSUS SADE

Dante é o alter ego do autor deste blog, Sade é o ícone de uma pornografia que camuflava o ideário político e libertário do escritor. O que poderia haver em comum entre dois autores separados pelas areias do tempo?

Sade nasceu no século XVIII, presenciou o alvorecer do século XIX e integrou fatos que mudaram o rumo da história da França e do Mundo: a queda da Bastilha, a Revolução Francesa e a ascensão de Napoleão Bonaparte. Nesse ínterim, ele escreveu suas obras. Repletas de pornografia, perversões e crimes que servem para contrabandear uma filosofia insubordinada. A literatura de Sade marcaria espaço além de sua época.

Dante nasce no século XX e observa as primeiras luzes do século XXI. Vive a Revolução digital, o surgimento estrondoso da Internet, testemunha o atentado terrorista que abalou o coração da maior potência do Ocidente (EUA) e convive com as incertezas climáticas de um planeta que começa a se ressentir da presença do homem. E é pela Internet que o nosso autor descobre que a libertinagem idolatrada por Sade continua sendo uma face incendiária da humanidade.

Navegando pelo universo virtual, Dante descobre os fóruns de sexo e decide conhecer de perto a prostituição. A voz da narrativa se faz através do protagonista, é dele que surgem os relatos verídicos dessa viagem libertina.

Dois autores, dois mundos. Em comum, a presença da pornografia em suas literaturas, a afirmação do erótico. O vulgar ornamentado com joias de valor; o libertino como um herói que desafia os costumes.

Sade foi um valente indomável que jamais desistiu de suas letras, mesmo encarcerado a maior parte da vida. Talvez, o Dante também traga em si uma dose de heroísmo: torna-se fanático por uma liberdade ilusória que o mantém acorrentado aos próprios instintos. Ambos corrompem a ideia que se espera de um cidadão convencional e nos fazem desconfiar que, na verdade, todos os heróis legítimos são subversivos.

Ser Libertino

SER LIBERTINO

Em sua concepção moderna, o termo libertino refere-se aos pensadores e literatos europeus que se abstraíam dos princípios morais do seu período, como aqueles relacionados à moral sexual, sendo caracterizado também como um hedonismo extremo.

O libertino é um lobo desgarrado, renunciou à matilha. É filho do destino, não de uma escolha voluntária. É consequência das desilusões, do longo celibato, da ausência de filhos. Em quase todos os casos, o libertino é o último da sua linhagem, sem descendentes reconhecidos ou conhecidos, “não deixa a ninguém o legado da nossa miséria”. Para um libertino, a vida é uma experiência que ele realiza através das viagens boemias e da luxúria intensa. Viver é ousar, o lema dos libertinos. O sexo como última fronteira, a noite como habitat, o amor como armadilha, a solidão como fé.

Para um libertino, não há nada de melancólico em estar só, a solidão é a alma absoluta da sua liberdade, uma liberdade tão pujante que pode ser perigosa, que ele mal sabe como usar. O libertino nasce do seu próprio acaso, como quase nunca se reproduz está sempre à beira da extinção. É espécie rara e noturna. O sexo para um libertino é como a jugular pulsando sangue diante de um vampiro, é fome ancestral e insaciável. A cada orgasmo, ele se vê diante de um corpo morto, é preciso outro, mais outro e mais outro.

A marca Os Libertinos surgiu em 2018, criada para um grupo de WhatsApp que tinha como membros indivíduos que se conheceram em fóruns sobre erotismo e encontros sexuais, majoritariamente homens que buscavam prazer como mulheres liberais. O grupo do WhatsApp acabou, mas a ideia permaneceu. Tentaram clonar o nome, porém nunca alcançaram o seu espírito. Ideias podem ser roubadas, mas o sucesso é intransferível. Aqui renasce um blog que irá registrar as jornadas boemias e libertinas com histórias surpreendentes e baseadas em casos reais, por mais que possam parecer incomuns. Existem muitas pretensas cópias de Os Libertinos por aí, mais eis aqui o original.

Não se imita um libertino, não se copia. Um libertino é aquele que se torna libertino, não aquele que apenas escolhe ser. Liberte-se.