Clube 119

Clube 119

O comprimido de Viagra que ingeri uma hora antes de sair da bucólica Tijuca devia estar possuído por Belzebu. Voltei a comungar com a Lavínia e passei pela MV30, onde fui conhecer Vick, dica de um colega. Depois, me vi na avenida Presidente Vargas, navegando com a minha piroga contra lufadas de ventos glaciais que pareciam fatiar a pele a cada novo impacto congelante.

Eu ainda estava meio atordoado após duas sequências sexuais. A intenção era retornar à verdejante Tijuca, mas me lembrei de que estava próximo ao Clube 119, na rua da Alfândega, e decidi conferir a casa. Não esperava nada de bom, na verdade esperava ver um cenário melancólico, digno de uma terça-feira magra. Acredite, forista sem fé, a vida às vezes decide nos surpreender e contrariar expectativas.

Quando terminei de escalar as incontáveis escadas do sobrado da Alfândega, me deparei com um salão lotado de clientes e mulheres. A pista do bordel 119 é pequena, escura, o bar fica centralizado, tentei me acomodar em alguma brecha que privilegiasse a observação e fui reparando que o lugar estava tomado por novinhas com seios quase expostos, um espetáculo que há tempos eu não via: as novinhas de peitinhos-agulha.

Até agora, não sei de onde saíram tantas ninfetas, mas a 119 estava surpreendente na terça-feira. Imagine, afeiçoado forista, havia fila para programa, fila para os quartos. O bordel estava bombando. Peguei uma cerveja e me postei como um paxá se preparando para saborear a próxima odalisca.

O clube 119 é infinitamente melhor do que a podridão insalubre da Uruguaiana 24, sob muitos aspectos supera também a 210 e é superior ao Bombeirinho. Os quartos, que são cabines, possuem cama de casal, mas as paredes não vão até o teto, o que nos permite ouvir ruídos de fodas vizinhas. Óbvio, quem almeja luxo, travesseiros de pena de ganso e lençóis de cetim, melhor ir para um resort na Tailândia.

Finalmente, conheci Pérola, uma ninfa bonita, longos cabelos negros, olhos de cigana, cheia de uma energia alegre. Conversamos, paguei uma bebida para a menina, fiz a entrevista básica e no fim perguntei se ela beijava na boca com vontade. A garota não respondeu com palavras, simplesmente puxou a minha cabeça e me tascou um beijo de língua no meio da pista que quase extraiu meus sisos. Pedi uma alcova, mas precisei aguardar na fila.

No segundo andar do sobrado, enquanto aguardávamos o quarto vagar, mulheres desfilavam nuas saindo de outros encontros carnais. Eu salivava a cada par de peitos que dava um rasante sobre os meus olhos esbugalhados. Sodoma e Gomorra era ali. De repente, do nada, começa uma discussão entre duas mulheres, briga de putas por algum motivo obscuro, desafiavam-se, berravam uma com a outra, ameaçam chegar às vias de fato, até que uma delas solta um grito de guerra enfurecido…

— Vou enfiar essa tua cabeça no teu cu — sentencia a meretriz enfurecida.

O choque de imaginar na prática a expressão proferida pela puta me fez engasgar com o gole de cerveja que deslizava pela minha garganta. Por sorte, avisaram que o quarto estava disponível e escapamos daquela arena de MMA.

Pérola é um doce de mulher. Muito carinhosa, sem frescura, carrega um piercing em cada bico dos seios, é magra com curvas acentuadas, bundinha empinada, barriguinha chapada, boca gulosa. Depois das duas gozadas anteriores, com Lavínia e Vick, minha potência sexual estava comprometida, mas Pérola fez milagre e conseguiu realizar uma cavalgada selvagem que me levou ao terceiro orgasmo. Terei que pagar promessa por isso.

Fiz a menina gozar com o meu aparelhinho de eletrochoque, pelo qual já recebi até ofertas em dinheiro para vender. Recusei.

Fim do encontro. Desci para tomar mais uma Corona no salão, foi quando cruzei com uma novinha descomunal, morena bronzeada, lábios carnudos, coxas grossas, peitos esfericamente perfeitos, bundão. Lindíssima. Pasmei. Corri para abordá-la e consegui me antecipar a um sujeito que também tentou interceptá-la.

Índia é o nome da morena. Cogitei uma quarta sessão sexual, porém percebi que seria completamente improdutiva. Perguntei quais os dias em que ela trabalha e me prometi retornar com a esperança de apalpar toda aquela textura exuberante.

Quando desembarquei do metrô, senti a minha velha carcaça esgotada. Se Pikachu tivesse autonomia, talvez ligasse para o Corpo de Bombeiros pedindo para ser resgatado. Entro no meu chalé nos alpes tijucanos. Cai o pano.

Deixe uma resposta