GISELE
“Se sentires as pernas cansadas, abre o peito e inspira fundo.”
—Friedrich nietzsche (1883)
O mar se movia com preguiça quando estacionei o Sucatão às margens da Praia Vermelha. A noite se fazia densa, o silêncio só permitia o sussurrar leve da brisa que soprava de algum ponto obscuro do horizonte. Não pensei que ela pudesse se lembrar de mim, até receber um súbito chamado pelo WhatsApp. Gisele voltou, mas ficará por poucos dias no Rio. Avisou-me que não estava no Centro, mas hospedada na casa de uma amiga na Urca. Marcamos e cheguei antes da hora. Eu transpirava ansiedade. Inseri um disco aleatório no cd-player, apoiei as costas na lataria do carro e um som antigo transbordou alto pelas caixas de som…
Há momentos que são mágicos, enquanto a balada emoldurava a paisagem exuberante, avistei Gisele vindo em passos suaves pelo lado da Fortaleza de São João, ela me acenou com a leveza da bailarina que é, meus olhos quase marejaram ao confirmarem sua presença divina. Louraça, cabelos soltos se derramando pelos ombros, olhos que cintilavam à distância, pernas longas e torneadas, cintura fina, o rosto delicado de beleza imponente, tudo isso envolvido por um vermelho vestido vaporoso e decotado. Acredite, forista sem fé, o meu primeiro pensamento se materializou em uma frase: “estou sonhando, essa mulher não quer ser minha, não pode ser…”
A escrita é um instrumento que afinamos com exercícios diários, treinando, sentindo o som dos vocábulos, o ritmo, a respiração, a textura de cada sentença, porém, mesmo que eu fosse um virtuose da palavra, não conseguiria descrever Gisele de forma fiel, que retratasse o quanto ela é deslumbrante. Ela pertence ao grupo das jovens mulheres que nos causam apneia, minhas pernas tremeram diante da sua aparição. Fiquei ali, estático, esperando que se aproximasse o suficiente para que eu pudesse agarrá-la como um náufrago tentando não se afogar.
— Dante, como você está elegante. Isso tudo é pra mim? — foi sua primeira frase para este velho libertino.
Sim, afeiçoado leitor, sou um britânico nascido moreno e nos trópicos. Minha resposta foi um abraço e um beijo em sua boca, Gisele retribuiu. Ela me convidou para nos sentarmos um pouco na areia da praia, queria conversar, aceitei. Contou-me sobre as viagens que fez, disse que São Paulo é muito melhor do que o Rio para uma stripper como ela, confidenciou que sentiu saudades de mim (será?) e me lançou um olhar quase em brasas. Começou a alisar minha perna direita e subiu até o meu combalido pênis escondido sob a calça jeans, os sinais da ereção se manifestaram. Novamente, ofereceu-me a sua boca, a língua gulosa quase alcançou a minha traqueia, ela se deitou sem medo de se lambuzar na areia, puxou-me para o seu lado e levou minha mão a um dos seios. Transei na praia uma única vez na minha vida, mas fiquei receoso de continuar com aqueles amassos ousados em uma área militar, como é a Praia Vermelha. Perguntei a Gisele se ela teria tempo para irmos a um motel, ela disse que precisava fazer um show mais tarde no Palácio de Cristal, mas poderia ir se não demorássemos muito. Cavalo dado não se olha os dentes, parti com ela para o Bambina, em Botafogo.
Confesso, afeiçoado forista, dentro do quarto, ela se despiu e fiquei alguns minutos sentado à beira da cama contemplando aquela obra magnífica da genética e da natureza. Gisele é a minha Sharon Stone, uma loira que exala sem pudores o seu instinto selvagem. Ajoelhou-se e abocanhou Pikachu, o breve, em um boquete quase artístico, lambendo a minha glande com calma, explorando com a língua todos os detalhes anatômicos do meu pau, deslizando sua boca até o meu saco, chupando meu saco, subindo para engolir novamente o pênis, alternando o boquete com a punheta. Meu tesão era tanto que fiquei com receio de sofrer um AVC. Não sei qual é a técnica que ela usa, mas rapidamente senti aquela sensação vulcânica da erupção e gozei jatos intermináveis de sêmen na garganta da menina. Ela engoliu, lambeu os lábios e me deu um sorriso devasso que jamais irei sairá da minha memória. Devido a ejaculação precoce, o encontro terminou rápido.
Voltamos ao Sucatão, acelerei e partimos em direção ao Palácio de Cristal. Quando peguei o Aterro do Flamengo, a música de Simple Minds inundou a cabine…
— Sabe que adoro você, Dante? — Gisele me diz de repente.
Pisei mais fundo no acelerador sem conseguir conter um sorriso de euforia. Outro pensamento intruso se manifestou em uma frase mental silenciosa: “Caralho, essa mulher é minha”.